Resenha: Dragon Quest Treasures

Seguindo o exemplo de outros games spin-off da franquia, Dragon Quest Treasures entrega uma experiência diferente dos títulos numerados da saga, mas sem perder a essência do que a faz especial e querida pelos fãs ao longo de décadas. 

Desenvolvido pela Tose Co. e distribuído pela Square-Enix, Dragon Quest Treasures foi lançado originalmente com exclusividade para Nintendo Switch, em dezembro de 2022 e algum tempo depois, em julho de 2023, ganhou também uma versão para computadores via Steam.  


Dois irmãos em uma grande aventura

Ambientado no mundo de Draconia, um enorme esqueleto de dragão flutuante onde estão localizadas seis ilhas repletas de tesouros adormecidos, o game narra as aventuras dos irmãos Erik e Mia, recém transportados para este mundo fantástico sob a tutela dos espíritos guias, Porcus e Pursula. 

Em busca de grandes aventuras e tesouros nunca vistos, os irmãos aceitam o pedido de Porcus e Pursula para que encontrem as “Sete Pedras do Dragão”, objetos lendários que fazem parte de uma antiga profecia. Contudo, eles não são os únicos em busca das pedras e devem estar preparados para o combate contra grupos rivais.

O mapa do mundo de Draconia

Por sorte, a dupla pode contar com a assistência de uma carismática galeria de monstros e personagens secundários que irão ajudá-los ao longo da jornada pelo vasto mundo de Draconia.

Da exploração ao combate

Apesar de não se tratar necessariamente de um game de mundo aberto, Dragon Quest Treasures consegue garantir ao jogador algum senso de liberdade, seja pelas áreas abertas para exploração nas ilhas flutuantes de Draconia ou na livre decisão de como gerenciar seus objetivos e prioridades dentro da lista de missões a cumprir. 

Todo fluxo de gameplay gira em torno da caçada aos tesouros escondidos pelas cinco ilhas flutuantes, cada qual com suas particularidades, monstros e segredos. Portanto, esteja pronto para uma repetitiva sequência de idas e vindas, entre a ilha central (base de operações de Erik e Mia) e as ilhas adjacentes, a fim de carregar e avaliar os tesouros que encontrou. Para quebrar um pouco a dinâmica constante de vai e vem do ponto A para o ponto B, existem batalhas contra grupos rivais, aparições de monstros raros – com corpos feitos de pedras preciosas –, além de portais mágicos para labirintos, que quando concluídos garantem tesouros especiais. 

Nada como obter um tesouro lendário para animar o dia

O limite de tesouros que o jogador pode carregar enquanto explora uma das ilhas, é estabelecido pelo time de três monstros que recrutou como companheiros. Monstros maiores conseguem carregar mais peso, mas podem ter mais dificuldade em defendê-los de ataque de monstros selvagens e grupos rivais. Ainda sobre os monstros, eles possuem até quatro tipos de habilidades especiais que auxiliam o jogador durante a aventura, sendo necessário explorar cada uma delas para ver qual melhor se adapta ao seu estilo de jogo. São elas as habilidades de correr, submergir, planar e rastrear. Particularmente, considero as habilidades de submergir e planar as mais essenciais para quem deseja explorar cada cantinho de Draconia, pois sem elas algumas localidades se tornam inacessíveis. 

Existe um total de 74 monstros para se recrutar no game

Agora, deixando um pouco de lado a exploração, vamos tratar do combate em Dragon Quest Treasures, que funciona de forma diferente de quaisquer outros títulos da saga. No controle de Erik ou Mia, sendo ambos os personagens iguais em termos de habilidades, o jogador pode desferir golpes em sequência com a adaga ou usar o estilingue para ataques de longa distância. O estilingue também possibilita atirar balas especiais que garantem aumento de habilidades e cura para os monstros companheiros. E por falar neles, o jogador pode emitir comandos para o time, que apesar de simples, como “Unam-se!” ou “Ataquem!” funcionam bem na maior parte do tempo, demandando apenas o cuidado de averiguar se um dos seus companheiros não ficou preso em alguma parte do cenário – o que aconteceu comigo centenas de vezes. 

Faltou polimento, mas eu passo pano

No departamento técnico, Dragon Quest Treasures deixa a desejar em diversos aspectos. São texturas de baixíssima qualidade, trechos de lentidão quando há muitos elementos em movimento ao mesmo tempo e músicas recicladas de jogos passados, sem nenhum tratamento. A impressão geral é que faltou polimento para deixar tudo mais redondinho, o que pode ser reflexo do desenvolvimento conturbado do game, que passou por diversos atrasos e reformulações, desde que foi anunciado oficialmente em 2018. Ainda que perca alguns pontos pelo baixo desempenho técnico, Dragon Quest Treasures compensa pela sua experiência diferenciada, simples e divertida, recheada de referências ao vasto universo da franquia. 

Apesar de simples visualmente, o game tem o seu charme

Os tesouros, um dos grandes atrativos do game, são praticamente miniaturas colecionáveis de personagens, monstros, itens e momentos icônicos de todos os jogos passados da saga Dragon Quest. O que torna a experiência de encontrá-los sempre divertida e marcada por um fator surpresa. Outro atrativo, este bastante conhecido dos fãs da subsérie Monsters, é a possibilidade de recrutar monstros para sua trupe e tirar proveito de suas habilidades únicas. Montar em um Killer Panther ou voar nas costas de uma Killing Machine são momentos inesquecíveis e igualmente prazerosos.

Tem coisa melhor do que andar nas costas de um Killer Panther?

E não posso deixar de falar em hipótese alguma sobre o carisma dos habitantes que povoam o mundo de Draconia. Dos humanos aos monstros, todos possuem algo de singular, seja visual ou na sua forma de se comunicar. Do ponto de vista de quem jogou o game com textos e áudio em japonês, estou muito satisfeito com a escolha do elenco de artistas de voz e a inserção de piadinhas e frases clássicas, que são marca registrada da franquia. 

Só mais um dedo de prosa...

Dragon Quest Treasures está longe de ser o melhor game spin-off da saga ou mesmo um game revolucionário dentro da consagrada fórmula de capturar monstrinhos, mas com certeza merece seu lugar ao sol pela tentativa de pavimentar novos caminhos dentro do gênero e da marca. Como disse antes, faltou um pouco de polimento para deixar o jogo nos trinques, mas acredito que num possível Treasures 2, a desenvolvedora Tose Co. pode nos surpreender se souber fazer bem o dever de casa. 

Em tempo, o game pode ser uma ótima pedida aos fãs de longa data, devido a enorme quantidade de referências, mas pode também servir de entrada para novos jogadores, principalmente crianças, a quem o jogo se destina na minha opinião. Espere por uma promoção bacana e, se possível, jogue em pequenas porções, para não enjoar da experiência tão cedo. 

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